O silêncio do cliente durante a sessão 04/03/2024 Psicologia e Análise do Comportamento O silêncio do cliente durante a sessão Compartilhar:

O silêncio do cliente durante a sessão

Silêncio é identificado quando ocorre uma quebra na cadência do episódio verbal entre terapeuta e cliente, e uma latência fora da média para que o cliente emita alguma resposta vocal.

Obviamente, para entendê-lo e para identificar uma função para ele temos que olhar o contexto que o produziu. Muitas vezes, o terapeuta fez uma pergunta para a qual o cliente ainda não tem uma resposta, pois o cliente ainda não olhou para a situação com aquele enfoque, ou ainda não observou a questão sobre determinado prisma. Outras vezes, o cliente pode ficar refletindo a respeito de uma informação, hipótese ou interpretação nova que o terapeuta acabou de fornecer para determinada situação. Outras, ainda, o cliente simplesmente está apresentando uma recusa em responder, dada a aversividade apresentada durante a intervenção terapêutica. Por exemplo, o terapeuta pode estar usando o “Bloqueio de esquiva”, e fazendo e refazendo a mesma pergunta que potencialmente teria uma resposta dolorosa. Pode ser, ainda, que naquele dia o cliente esteja mais “absorto” e esteja deslocado do trabalho terapêutico, por ter outras questões mais importantes para ele que aquelas que o terapeuta esteja introduzindo na sessão.

Por todas essas (e algumas outras) razões, dizemos que o silêncio tem uma função na sessão. Cabe ao terapeuta identificar e levantar as diversas hipóteses e decidir como irá dar continuidade do processo local (naquele momento da sessão), tendo em vista o processo geral (aquele indicado pela formulação do caso daquele cliente). Às vezes, por ter uma falta de repertório identificada no cliente, o terapeuta pode diminuir a aversividade que o silêncio produz na relação terapêutica e facilitar o momento quebrando o silêncio. Às vezes, o terapeuta pode considerar que uma exigência forçada de movimentação pela quebra de silêncio pode ter que vir do cliente, mantendo o silêncio até que isso aconteça, ou que a sessão termine.

Nada ocorre sem função... nada é manejado sem análise. Nem o nada...

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Dr. Roberto Alves Banaco